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30 de junho de 2014

Heróis de Verdade



Em 2005 a revista Isto É publicou uma entrevista com o médico psiquiatra e escritor Roberto Shinyashiki. O escritor aborda a questão da supervalorização das aparências, a busca pelo "sucesso" e a felicidade. É um texto interessante. Publico aqui os trechos que mais me chamaram a atenção.

“Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa.
Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.
(...)
O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
(...)
A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso.
(...)
São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
(...)
A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas.
As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema.
Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: ‘Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveita-lá e ser feliz’. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.”

Clique aqui para ler a entrevista completa.

Pense e Dance

"penso

como vai minha vida
alimento todos os desejos
exorciso as minhas fantasias
todo mundo tem um pouco
de medo da vida

pra que perder tempo
desperdiçando emoções
grilar com pequenas provocações
ataco se isso for preciso
sou eu quem escolho e faço
os meus inimigos


'saudações a quem tem coragem'
aos que tão aqui pra qualquer viagem
não fique esperando a vida passar tão rápido
a felicidade é um estado imaginário

não penso
em tudo que já fiz
e não esqueço
de quem um dia amei
desprezo
os dias cinzentos
eu aproveito pra sonhar enquanto é tempo"


Trecho da música "Pense e Dance" do Barão Vermelho. Composição de Dé, Frejat e Guto Goffi.