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14 de outubro de 2009

Poema: Um cogito


Qual é o trabalho forçado
de Adolf Hitler no inferno?
Pinta paredes? Cadáveres?
Fareja o gás de suas vítimas?
Terá que ingerir as cinzas
dos meninos calcinados?
Ou desde sua morte há de
beber sangue num funil?
Ou lhe martelam na boca
os dentes de ouro arrancados?
Ou sobre arames farpados
lhe concederão dormir?
Vão ver sua pele tatuada
nos abajures de adorno?
Ou negros mastins de fogo
dele se incumbem no inferno?
Deve de noite e de dia
em trégua andar com seus presos?
Ou morrerá pouco a pouco
sob o mesmo gás eterno?

Pablo Neruda

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